terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Terceira semana _balanço

A terceira semana foi pontuada por presenças de suavidade e leveza, embora o fim de semana tem trazido também ações sobre assuntos pujantes como violência de gênero, na fala de Cristal Lopes em meio às suas performances, assassiinatos em presídios na ação solo de Jonata Vieira e embotamento de percepção e preconceito de opção sexual, na ação de Igor Leal.

Thembi Rosa abriu a semana com ativação corporal: uma delicia de despertar corporal, meditativo, expansivo e ao mesmo, testando a capacidade de contenção. Thembi compartilhou dois trabalhos que desenvolve com outros coletivos de artista: o Parquear e o Cada começo é só uma continuação.

Também na terça após o almoço, conversamos sobre previsões numerológicas, chinesas e zodíacas para este ano que acabava de se anunciar. Da conversa, surgiu a ideia da prática da kundalini yoga na Galeria de Arte GTO, abrindo uma brecha em meio a uma programação já bem intensa e instigante.

Fechando o dia, tivemos a presença poeticamente suave e criadora/perturbadora de Julia Panadés e Graziela Andrade, em suas conversas ensaístas. Nos convidando a bordar, tecer e intervir no espaço, Julia e Graziela falaram também sobre criação, correr riscos e se abrir para o inesperado e o desconhecido.

Marcelino Peixoto acrescentou uma camada de sutileza contemplativa e de ruptura pela repetição. Um diálogo pontuado por exemplos dos trabalhos do Xepa e também por uma aproximação mais generosa e atenciosa com a materialidade dos objetos escolhidos como artísticos. Um balde, um tijolo, um defumador, uma lata, panos de chão ou de prato, ferros de passar a brasa.

O \disseminário com Thereza nos mostrou a potência da arte como despertador da percepção sensível, na medida em que a artista apresentou trabalhos que o Instituto Undió vem realizando na cidade desde 1982.

Na terceira semana também o ateliê ganhou a presença de Clarice Panadés, como assistente de produção. Também foram nesses últimos dias que conquistamos (finalmente) a tão desejada faixa de grana na entrada da galeria. Se fechamos a segunda semana com mais mudanças no projeto expográfico, na terceira percebemos que as mudanças são constantes e que o espaço pode sempre se adaptar aos seus usos. A nova mudança foi feita pela fotógrafa Luiza Palhares e pela artista visual Clarice G. Lacerda, que instalaram um painel de fotos num dos espaço de entrada da galeria, como acesso aos registros e à memória do que vem acontecendo.

A semana fechou com sarau poético com a participação inclusive da mãe de Zaika dos Santos, que nos presentou com o canto de dois blues e algumas histórias. Entre histórias e poesias, até uma receita de pudim de chuchu foi compartilhada entre os presentes, compartilhada pela visitante Fátima.

Muito fluxo criativo tem passado pelo ateliê e sabemos que estamos ainda no começo. Semana 3 de 7. Muita coisa ainda está por vir. Mas já nos sentimos extasiados com as possibilidades de encontros, conversas e trocas. Benedikt e Joseane Jorge, por exemplo, passaram um dia pela galeria para bater papo. (Por favor, façam mais vezes.) Como quem visita um amigo. E ateliê não é pra isso? Pra receber visita e compartilhar processos e viver junto arte/vida? Brígida Campbell também passou pela galeria ateliê aberto numa visita no estilo de quem “estava aqui perto e resolvi bater”. No caso, resolveu entrar. Porque aqui é “entre sem bater”. 


Fotos: Luiza Palhares



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