Há um poema da Wyslawa Szymborska que termina com a seguinte estrofe: "Porque afinal cada começo/ é só continuação/ e o livro dos eventos/ está sempre aberto no meio".
Estamos à porta do perfura _ateliê de performance. O release enviado à imprensa compartilha a pergunta-norte: "O que pode ser um ateliê de performance?". Essa pergunta fisgou na memória, do livro dos eventos recentes em performance, uma outra em torno da possibilidade de se ensinar a presença e seu tônus. E os mestres zen estão sempre ensinando na prática a resposta.
Em termos de presença e performance, há sempre muito o que se discutir, na teoria e na prática. Ao menos para aqueles que querem continuar criando e fruindo. O que é presença? Como senti-la? Como medi-la? Como ensinar o estado de atenção necessário que dá à ação performática a sua tonalidade afetiva, o seu vigor e o seu clima específico, o mesmo que convida, abraça e engaja o público?
"O livro de eventos está sempre aberto no meio" e, no entanto, o que a performance faz é criar uma brecha no tempo. Ela interrompe o fluxo, o coloca em suspenso. Sem, no entanto, almejar a abstração universal do conceito. É da performance uma temporalidade específica do aqui agora, uma expansão da atenção para a circunstância que nossos corpos habitam, um alargamento do presente em torno da copresença.
Estamos aqui.
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