Julia Panadés e Graziela Andrade dividiram a noite de terça-feira, dia 3.01, conduzindo o \conversas ensaístas. Julia e Graziela trouxeram os materiais artísticos com que trabalham com frequência: as linhas, agulhas e tecidos vermelhos (e tons avermelhados) de Julia e o plástico bolha de Graziela.
Julia preparou um texto sobre a proposta ensaísta e convidou os artistas e público presente a intervir e a tecer no espaço – com o corpo, com movimentos, com palavras, agulhas e linhas.
"Ensaio se parece primeiramente com a junção das entradas e saídas. En-saio", começou Julia compartilhando texto que preparou para a ação. "Entro trazendo de saída o poeta ensaísta e marujeiro da lua Wally Salomão, do livro 'Pescados Vivos', de 2004. É um texto que chama Vazies inaudito. Começa com uma conjugação assim: 'avidez, aridez, avidez, aridez, avidez, aridez, vazies. Aprendi nos meus intensos diálogos com ele [Hélio Oiticica], que a vazies era uma das qualidades mais desejáveis para um artista".
Referenciando Wally que falava de Oiticica, Panadés comentou sobre a necessidade de o artista abandonar o já feito, correr risco para além do já conquistado ou adquirido. "O artista deve suspender a cadeia fordiana de produção para deixar vir o surpreendente, o impensado, o imprevisível, a vazies. Basta introduzir no universo da plenitude das coisas fissuras".
Foto: Luiza Palhares
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