Quinta semana. Começamos a sentir no corpo o cansaço de
estímulos intensos e afetos sendo remexidos constantemente. Sabemos que quando
se trata de performance, é difícil ficar alheio. E é sempre bom lembrar que o
tédio é também uma tonalidade afetiva, é também uma resposta – sensorial,
afetiva, perceptiva, intelectiva – a uma obra ou uma ação. Não é apenas a
epifania e a experiência estética que mechem com nossos registros, com nossas
associações ideias já conhecidas. A raiva, o enfado e a impaciência também
dizem muito sobre as experiências que temos com as obras, como elas nos afetam.
Mas para digerir, é preciso re-fletir, re-ver, revisitar,
reconsiderar – deixar aflorar o incomodo ou a epifania para ser elaborada em
outro registro, com outras associações, sedimentando outras percepções de
mundo.
O interessante de um ateliê de performance com 70 presenças
é a diversidade de estímulos e sensações, a riqueza das trocas, a constância do
aprendizado.
Desconfio que muita coisa ainda reverbera – num tempo ainda
desconhecido. Que não temos urgência alguma de dimensiona-lo. Estamos aqui e
vivemos o presente. Talvez ele retorne, como é próprio da memória, num outra
chave, reverberando outras experiências e em outros aprendizados.
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