“Eu precisava estar aqui de fato”. Numa referência a Paulo Narazeth, disse: "quando eu for, eu vou", ou, explicou: "quando eu venho, estou”. “Essa foi a decisão que tomei. Mas como bom virginiano, criei algumas regras, como, por exemplo, não responder a qualquer mensagem da produção sobre tema e demanda técnica”, comentou.
Ricardo Aleixo levou trecho de 26 poemas – “já que o dia de hoje é 26 de janeiro” – de 26 escritores, artistas e pesquisadores. Ao mesmo tempo em que lia trechos de seu livro mais recente, ele embaralhava seus poemas com os poemas de outros escritores numa leitura vocal performática e de ritmo cambiante.
Ricardo conversou muito sobre a potência da voz em performance, comentando também sobre uma diferença de gerações, que segundo sua percepção, atualmente tem segmentado mais os campos das artes, no sentido de uma menor porosidade entre as poéticas. Nesse sentido, comentou certo hábito entre performer e artistas plásticos de não considerar performance vocal e poética como performance, mas enquadrá-la no âmbito da literatura.
Falando sobre a voz como elemento de composição, transitou também pelos temas de criação e linguagem. “A linguagem é uma forma de escavar para o alto. É preciso fazer uso da linguagem, ao invés de nos deixarmos atravessar por ela”.
Recortei abaixo alguns trechos soltos das anotações que fiz sobre uma conversa bastante rica e instigante.
“a poesia dita é a duplicação do abismo”.
“a poesia é o fora do lugar”.
“perfura-se também para criar meios de respiração.
arte pra mim não é outra coisa do que respiração”.
“arte é mais realista do que o real. mais dura que a dureza do real”.
“a gente está disputando é o imaginário
Não estamos mais no tempo dos diletantismos.
“Vamos radicalizar a conversa com quem quer conversar”
Fotos: Luiza Palhares
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