Wagner Rossi começou sua fala de uma perspectiva pessoal, relevando acontecimentos que o levaram à performance como fazer artístico e ao queer como tema de discussão. Wagner propôs pensar o corpo como território de disputa, em que determinadas partes e membros se apresentam como colonizadores e outras partes como colonizadas.
Fazendo considerações sobre a arte da performance na América Latina, propôs pensar o continente como um grande campo de cus e, traçando paralelos, incitou cada um a pensar o próprio corpo como uma coleção de cus. Wagner defendeu que dizer "o cu é lindo" é por si só provocar deslocamentos de percepção e de olhar. Ao longo da fala, trouxe exemplos de seus trabalhos em que trazia como proposta o deslocamento da percepção em torno de temas como colonização, heranças culturais, identidade de gênero e sexualidade. Pensando o corpo do performer como cu, é interesse pensar a ação desse corpo de absorver o que resta de nutrientes que alimentam e sustentam esse corpo e eliminar o que não interessa ser mantido ou carregado. Descolonizar as regiões do corpo lembra a discussão trazida por Paul Beatriz Preciado a respeito de se propor vivências sexuais/sensuais com parte não erógenas, isto é, desprivilegiar o óbvio e sondar possibilidades desconhecidas do próprio corpo.
Foto: Luiza Palhares
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